Um sistema único e nunca mais repetido na história - Duomo de Florença
Adoro séries históricas. São o meu novo vício. Através delas revivo o velho hábito de aprender história através dos filmes, da literatura e das artes. E tive a oportunidade de ver alguns capítulos da história dos Medici. Os de Florença, não os daqui. Até porque os de lá marcaram sua época com o mecenato que resultou em muito da beleza artística da Florença que hoje conhecemos e admiramos.
Duomo da Catedral de Santa Maria del Fiore |
A série mostra a história de Cosimo di Medici, banqueiro e incentivador das artes e artistas. Um episódio da série, que se passa no início dos anos 1400, me chamou particularmente a atenção: a aparição de Filippo Brunelleschi que vence um concurso para construir a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore.
As grandes obras de catedrais demoravam muito para serem finalizadas naquelas eras. A Catedral de Florença começou a ser construída em 1296, sob as fundações de uma antiga igreja e tinha o projeto de Arnolfo di Cambio. Entre paradas e retomadas, os séculos se sucederam, e a catedral tinha uma aparência imponente, mas sua cúpula continuava a descoberto. Era um problema de difícil solução na época. Eis que em 1418 a empresa que administrava as obras, que contava com recursos vindos de impostos (inclusive sobre heranças), anuncia o concurso. Vencido por Brunelleschi (que usou o estratagema do ovo que pára em pé como argumento, segundo se conta, e que devia ter uma lábia bem boa) os trabalhos da construção da famosa cúpula só iriam terminar em 1434. Na série se conta que incentivar a construção foi uma feliz ideia de um hábil Cosimo Medici para incentivar o trabalho e a economia em uma combalida Florença empobrecida pelas guerras. Fonte |
....Entre estas soluções, uma teve grande destaque, justamente a de Fillipo Brunelleschi, na qual a construção da cúpula poderia ser executada sem qualquer tipo de armadura de madeira, mas através da utilização de uma série de concêntricos e autoportantes anéis em pedras (arenito) reforçados em sua parte externa com correntes de ferro. Desta forma esses anéis protegeriam a estrutura contra esforços laterais durante a fase de construção.....(e também) a divisão da cúpula em duas partes. A primeira seria uma cúpula interna, espessa e em forma de concha, tendo em sua base 2 metros de espessura e em seu topo 1,5 metros. A segunda, externa, com o intuito de proteção contra o vento, a água e qualquer tipo de intempéries, menos espessa e com uma forma mais majestosa. Entre as duas cúpulas, buscando facilitar a inspeção e acerto de reparos, foi construída uma escadaria curva, hoje muito utilizada para a visitação. Essas cúpulas eram reforçadas por 24 nervuras de arenito, sendo 8 delas definindo os vértices do octógono e, as restantes, menores e inseridas na estrutura, duas a duas nos lados do octógono. (Fonte)
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Técnica persa de construção de cúpula sem escoras dominada pelos persas, que Bruneleschi utilizou em Florença |
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Há várias teorias de como ele resolveu o problema (a mais correta até agora parece ser a de Massimo Ricci - veja vídeo AQUI). O que percebemos é que esta cúpula em toda a sua magnificência é um exemplo de como a Arquitetura pode trazer soluções técnicas inusitadas fazendo com que um edifício se torne mais que uma obra tecnicamente bem feita, mas que incendeie os olhares, a imaginação, gere controvérsias e que pessoas se debrucem sobre ele até hoje, passados quase seis séculos.
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Brunelleschi and the Fibonacci Principle and Proportions |
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