Revisitando uma cidade especial - Brasília
"De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas." Italo Calvino
Vista dos poderes a partir do Anexo IV da Câmara |
Brasília era uma cidade nova, de apenas 10 anos. Seus moradores também tinham vindo de outros estados assim como eu. O barro vermelho, que o redemoinho de areia ressaltava nas quadras ainda carentes de vegetação, parecia cena de cinema. Foi assim que iniciei uma nova etapa de vida que duraria sete anos e me proporcionaria lindas amizades. E um vestibular em 74 me abriu as portas da profissão fascinante que é a Arquitetura.
Em 76 voltei ao RS. Deixei amigos, deixei parentes. Deixei uma cidade que me conquistou.
Nos anos de ausência voltei apenas três vezes. A última em 1986. Exatos trinta anos atrás.
E quando precisei me recuperar física e emocionalmente, voltei à Brasília em busca de sua energia boa. E reencontrei. Me reencontrei.
Exposição Quadrantes onde meu sobrinho Paulo Stein está expondo |
Vista da Catedral pelos fundos |
Mas se um pedestre puser o pé nas faixas de segurança, todos os carros param. Sim! Em Brasília, nesse aspecto, se vive no primeiro mundo.
Banco Central do Brasil |
Pontão do Lago Sul |
Hoje essa proposta aumentou. Há espaços privados que oferecem várias alternativas de lazer. E parece que há uma iniciativa do governo local de utilizar de forma pública os espaços ao redor do lago.
De qualquer maneira, ele é muito usado em vários tipos de esportes náuticos e vários condomínios de padrão elevado estão surgindo às suas margens.
Lago Paranoá |
Jardim Botânico |
Jardim Botânico |
Mas é obvio que também não se pode esquecer que ali moram e decidem sobre nossos rumos os representantes que elegemos. E onde os poderes judiciários decidem sobre o que pode ou não ser feito. E onde os países tem as suas representações diplomáticas. Assim, Brasília respira poder.
Mas nessa visita, mesmo em meio à um momento turbulento da vida nacional, este poder não se fez sentir para mim de forma como sentia na época em que morava lá. Me perguntaram se vi políticos. Não. A cidade cresceu. Eu já não vivo a rotina de estudar nos mesmos colégios de filhos de ministros e/ou diplomatas. Eu fui para Brasília descansar. E a proximidade física do poder não me impediu.
Arriamento da Bandeira Nacional no Palácio da Alvorada |
A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das recordações e se dilata - Italo Calvino
pôr do sol fabuloso de Brasília |
Impossível conhecer a cidade sem se debruçar pela sua proposta planificadora e modernista. E os edifícios símbolos.
Deles para mim, o melhor é o Itamaraty. Não sei sobre a sua funcionalidade. Mas a sua forma é realmente algo de calar fundo na alma como pura poesia. Os prédios administrativos estão há muito defasados, e anexos se juntam ao perfil da esplanada. Uma lição: assim como a vida, a arquitetura se expande. A vida não se conforma à planejamentos estanques.
Os prédios mais recentes, do Niemeyer e de outros, não me encantaram. Nenhum me fez dar um OH de admiração. Me parece que nossa arquitetura precisa de um novo sopro de renovação. Seja no setor estatal, seja no privado. E nossa capital reflete isso.
Ponte Juscelino Kubitschek |
E você? Já sentiu isso em relação à algum local ou cidade? Algum lugar que lhe realimente a alma? Se sim, conta pra gente! Vou adorar saber!
Fotos: Elenara Stein Leitão
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