Revistas de arquitetura 30 anos atrás - como eram?
Cá estou eu vasculhando revistas antigas de Arquitetura e me deparo com algumas pérolas de tempos idos. Como esse anúncio dos anos 80 que mostra como era a rotina do arquiteto. Prancheta, régua T e muita estar consigo. Nada de internet, nada de muita interação virtual.
Interação era na mesa do bar, regada à cerveja e outras formas de inspiração. E dá-lhe muito desenho em guardanapos...
E as revistas?...Assinava a projeto. Aqui uma das mais antigas que achei em uma rápida olhada na estante.
Agosto de 1981. A revista custava 250 cruzeiros, acho. Ou seriam cruzados? Ou algo semelhante. A moeda mudava tanto de nome e de valor que a memória se perde para esses detalhes. Mas fica viva para outros, mais marcantes. Que essa coisa de brincar de desmemoriada como muita gente da minha idade que conheço e que esqueceu muito do que passou, para mim não funciona.
Revista mais fina. Mas cheia de textos e menos imagens. Mas a Arquitetura como atividade profissional era muito debatida. Não esqueçam que o CAU foi conquista de décadas.
Nas suas páginas uma provocativa charge ironizava a crítica que faziam à ideologia de Oscar Niemeyer. Ao lado uma deliciosa crônica de Rui Lopes na FSP lembrava não apenas do monumento à JK, mas também do aeroporto de Brasilia, projeto do velho mestre, uma imensa aranha que antecipava os foles de encaminhamento às aeronaves. Hoje comuns, na época revolucionários. Como comunista que era, o projeto foi recusado. E ele critica exatamente essa paranoia que, em nome de uma limpeza ideológica, esquece de ver o principal: se a ideia é boa e se funciona.
Os projetos eram apresentados com muitos textos que explicavam as concepções e algumas imagens em "P&B" e desenhos técnicos.
Na metade da década de 80 surgiu a AU. No começo ela era bem teórica. Cada edição bimestral era dedicada a um tema. Essa de número 5, de 1986, era dedicada ao ensino.
E tinha um conselho fantástico de um jovem arquiteto de 80 anos na ocasião (tenho para mim que alguns arquitetos nunca envelhecem - espero me incluir entre eles). Eduardo Kneese de Mello. Não por acaso nascido, como eu, aos cinco dias do mês de abril. E ele advogava que "a Arquitetura fosse atribuição exclusiva de arquitetos".
Como assim??? E não é? Pois ainda não, na prática. Mesmo 30 anos depois. Parece surreal que outros que não arquitetos possam produzir arquitetura, mas sim, podem. Na prática.
Na América Latina os arquitetos iam para Cuba. Se reunir em uma conferência sobre ensino na Arquitetura e Engenharia.
E por lá discutiam o ensino. E uma nova ferramenta que surgia e parecia facilitar a vida dos profissionais: um tal de computador.
E todas elas terminavam com uma charge. E como charge não se explica, deixo com vocês como se via os sonhos dos clientes.
Há coisa de trinta, trinta e cinco anos atrás. Uma eternidade....
Fotos: Elenara Stein Leitão
Interação era na mesa do bar, regada à cerveja e outras formas de inspiração. E dá-lhe muito desenho em guardanapos...
E as revistas?...Assinava a projeto. Aqui uma das mais antigas que achei em uma rápida olhada na estante.
Agosto de 1981. A revista custava 250 cruzeiros, acho. Ou seriam cruzados? Ou algo semelhante. A moeda mudava tanto de nome e de valor que a memória se perde para esses detalhes. Mas fica viva para outros, mais marcantes. Que essa coisa de brincar de desmemoriada como muita gente da minha idade que conheço e que esqueceu muito do que passou, para mim não funciona.
Revista mais fina. Mas cheia de textos e menos imagens. Mas a Arquitetura como atividade profissional era muito debatida. Não esqueçam que o CAU foi conquista de décadas.
Nas suas páginas uma provocativa charge ironizava a crítica que faziam à ideologia de Oscar Niemeyer. Ao lado uma deliciosa crônica de Rui Lopes na FSP lembrava não apenas do monumento à JK, mas também do aeroporto de Brasilia, projeto do velho mestre, uma imensa aranha que antecipava os foles de encaminhamento às aeronaves. Hoje comuns, na época revolucionários. Como comunista que era, o projeto foi recusado. E ele critica exatamente essa paranoia que, em nome de uma limpeza ideológica, esquece de ver o principal: se a ideia é boa e se funciona.
Os projetos eram apresentados com muitos textos que explicavam as concepções e algumas imagens em "P&B" e desenhos técnicos.
Na metade da década de 80 surgiu a AU. No começo ela era bem teórica. Cada edição bimestral era dedicada a um tema. Essa de número 5, de 1986, era dedicada ao ensino.
E tinha um conselho fantástico de um jovem arquiteto de 80 anos na ocasião (tenho para mim que alguns arquitetos nunca envelhecem - espero me incluir entre eles). Eduardo Kneese de Mello. Não por acaso nascido, como eu, aos cinco dias do mês de abril. E ele advogava que "a Arquitetura fosse atribuição exclusiva de arquitetos".
Como assim??? E não é? Pois ainda não, na prática. Mesmo 30 anos depois. Parece surreal que outros que não arquitetos possam produzir arquitetura, mas sim, podem. Na prática.
Na América Latina os arquitetos iam para Cuba. Se reunir em uma conferência sobre ensino na Arquitetura e Engenharia.
E por lá discutiam o ensino. E uma nova ferramenta que surgia e parecia facilitar a vida dos profissionais: um tal de computador.
E todas elas terminavam com uma charge. E como charge não se explica, deixo com vocês como se via os sonhos dos clientes.
Há coisa de trinta, trinta e cinco anos atrás. Uma eternidade....
Fotos: Elenara Stein Leitão
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Que delícia de post!
ResponderExcluirObrigado pelas lembranças provocadas!
Sabes que me deu vontade de pegar um tempo e reler algumas. Como tem coisa boa por lá! Abração e super legal o teu comentário, Oscar!
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