Um livro para perder o medo de desenhar

Livros.

Eles e eu sempre uma história de amor e fascinação. Aprendi a ler vendo meus pais lendo. Já falei dessa relação em como os livros ficavam ao nosso alcance desde crianças. E vejam uma lista dos dez livros que marcaram minha vida.

Pois 23 de abril é o dia do Livro. Gozado, dia do livro. Todo dia é dia do livro, todo dia é dia de ler. Ora pois! 

Esse ano vou falar de outra coisa. E de outro livro. Uma outra expressão tão importante quanto a leitura. O desenho. E me veio à mente hoje porque virou moda livros de colorir para adultos. Confesso que não me fascinam muito. Mas me dei conta que deixei de lado um hábito que tinha desde pequena. Desenhar. 

Não, não o desenho técnico de arquiteto. Ou os rabiscos de ideias de projeto. Mas os desenhos por prazer. Me dei conta que já fazia desenhos de observação desde muito pequena. Tenho a sorte de ter tido um pai que se preocupava em guardar toda a produção de seus pimpolhos, então hoje é só ir no seu arquivo, abrir a minha página pasta (ato falho) e me deparar com algo como isto:
Ou este outro já pelos oito ou nove anos. Tanto um quanto o outro mostram facetas de minha casa. Aos seis anos, a TV, novidade tecnológica que chegava - e estou falando de 1963 - e a minha mãe desempenhando tarefas domésticas, acho que batendo um bolo. Na outra reproduzi a sala de estar de nosso apartamento em Porto Alegre, com uma cadeira que imitava uma Bertoia e a sacada com seus elementos vazados ao fundo. 
Depois eu passei para uma fase de copiar gravuras de livros. Em geral de história. Foi uma época bem produtiva. E amava fazer isso.
Esses são desenhos de 69/70. Já pré adolescente com 12/13 anos. Não me lembro de fazer desenhos próprios, talvez já estivesse muito influenciada pelo mundo castrante e tivesse esquecido de olhar o mundo com meus próprios olhos, ou desenhá-los....

Passando essa etapa, eis que entro na faculdade de Arquitetura. Sem noção de desenho técnico. Apenas com essa capacidade de copiar. E que já não era desenvolvida porque o desenho passou a ser secundário em meio a tantas outras matérias do vestibular. 

Não pensem que foi fácil. Lá me fui eu a tentar entender o que seriam os tais pontos de fuga. E o que era pior, em meio a colegas que desenhavam bem melhor que eu, comecei a ficar um tantinho mais tolhida. Mas ainda assim saía tentando aprender. Querem ver como era no começo???
Duro, né...não muito diferente de vários estudantes que vejo começando. E aí chego ao ponto que eu queria. Não é preciso ser um artista do desenho para ser um arquiteto. Saber se expressar graficamente é uma ajuda e tanto. É preciso sim, ter noção de espaço, de perspectivas, de proporções. Um arquiteto não pode ter medo de traçar, mas não necessariamente tem que ser um artista do desenho. 

E o mais bacana. Desenho se aprende! O principal é deixar o medo de lado. E aqui chego ao livro que queria mostrar para vocês (e jurava que já tinha falado dele aqui). Chama-se "Desenhando com o lado direito do cérebro" de Betty Edwards.
E ele parte de um principio simples e direto. Não desenhamos bem porque tendemos a usar muito o lado esquerdo de cérebro que é mais racional, mais cheio de regras e pré- conceitos. E propõe uma série de exercícios onde usamos mais o lado direito. E com isso damos um nó nos medos. E sabem que funciona? Um dos exercícios que me lembro é de copiar uma figura de cabeça para baixo. Pode parecer surreal, mas é muito mais simples e ela ficou no meu caso mais fidedigna do que se a desenhasse da maneira tradicional. 

E a grande lição do livro é: faça diferente de vez em quando. Olhe de outro jeito. Desenhe de outra maneira. Use cores que não pensava usar. Tente. Ouse.

E então me deu essa vontade de voltar a desenhar. Mais livre. Sem me preocupar com a forma. Se vai ficar perfeita ou bonita. Desenhar só para me divertir. Bem parecido com ler. Sim, porque através da leitura, aprendemos e nada mais prazeroso que abrir a mente!

Bom dia do livro! Qualquer livro.

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