Diga-me como me medes e direi como me comportarei
Encontrei esse texto no facebook no perfil de alguém (desculpa, esqueci onde achei..). O título: O que muda o mundo de Natália Garcia me chamou a atenção e eu guardei para ler com calma. No primeiro paragrafo já senti que o texto ia me envolver,
"Eu nunca me interessei por concursos de beleza. Mas confesso que tenho uma fantasia de estar entre as finalistas do Miss Universo para responder à pergunta “qual o seu maior desejo para o mundo?”. De preferência, queria responder por último, depois que todas as minhas concorrentes dissessem “a paz mundial”. Eu diria, então, pausadamente, que o que mais quero na vida é “mudar as métricas que norteiam as decisões no planeta”.
Bingo! Me lembrei da velha máxima que aprendi no mestrado em Engenharia de Produção ao ler o guru Goldratt: "Diga-me como me medes e direi como me comportarei"
Muito, muito lógico. Se recebo recompensas por ser A, vou tentar ser A para recebe-las. Se sou medido por X, vou tentar alcançar X. Funciona nas pessoas, nas organizações, nos planejamentos e nas cidades...
Talvez muitos ganhos fossem realmente feitos se os governos se pautassem por métricas mais ajustadas ao real problema. E no texto a autora cita um especificamente sobre a interação com as pessoas e o trânsito nas cidades. Muitos dos atos de governos, em todos os níveis, são para se ajustar à métricas que possam servir de propaganda e parâmetro de que são melhores que o concorrente. E alguns desses atos são bons, outros nem tanto.
E não apenas nos governos, me lembro que também no mestrado estava apresentando um trabalho em um congresso sobre a satisfação do cliente comprador de imóveis e fui confrontada com a métrica da velocidade de vendas como argumento de que os imóveis eram um sucesso. Mas esse é um viés de olhar do empreendedor e nem sempre significa real satisfação de quem vai morar. Falei sobre isso nesse texto sobre Arquitetura e o Usuário.
"O desafio não está só em adaptar indicadores e métricas existentes, mas inventar novos"
Daniel Hoornweg já defendia na Rio+20 a adoção de novas métricas para se pensar as cidades como organismos vivos. Lá ele disse que “é a métrica que mostra quanto material urbano entra e sai de uma cidade em determinado período de tempo. Quanto se produz de lixo, quanto se consome de água, de energia e outros dados. É como medir o colesterol de um ser humano. São informações muito importantes, em especial para o setor de construção”.
O importante é que essas novas métricas não sejam apenas pontuais, que corram o risco de estagnarem e se tornarem novas/velhas métricas que sejam apenas indicadoras de performance e não impulsionadoras de felicidade, de vida e de inovação constantes. Cidades são organismos vivos, pessoas são mutantes. Tudo o que para no tempo vira peça de museu, bonita para ser exposta algumas vezes, para aprendermos com elas, mas o que o nosso dia a dia precisa são de atos concretos e eficientes.
Leia mais em Cidades feitas para as pessoas e Escala urbana - uma cidade para pessoas
"Eu nunca me interessei por concursos de beleza. Mas confesso que tenho uma fantasia de estar entre as finalistas do Miss Universo para responder à pergunta “qual o seu maior desejo para o mundo?”. De preferência, queria responder por último, depois que todas as minhas concorrentes dissessem “a paz mundial”. Eu diria, então, pausadamente, que o que mais quero na vida é “mudar as métricas que norteiam as decisões no planeta”.
Bingo! Me lembrei da velha máxima que aprendi no mestrado em Engenharia de Produção ao ler o guru Goldratt: "Diga-me como me medes e direi como me comportarei"
Muito, muito lógico. Se recebo recompensas por ser A, vou tentar ser A para recebe-las. Se sou medido por X, vou tentar alcançar X. Funciona nas pessoas, nas organizações, nos planejamentos e nas cidades...
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Talvez muitos ganhos fossem realmente feitos se os governos se pautassem por métricas mais ajustadas ao real problema. E no texto a autora cita um especificamente sobre a interação com as pessoas e o trânsito nas cidades. Muitos dos atos de governos, em todos os níveis, são para se ajustar à métricas que possam servir de propaganda e parâmetro de que são melhores que o concorrente. E alguns desses atos são bons, outros nem tanto.
Fonte |
E não apenas nos governos, me lembro que também no mestrado estava apresentando um trabalho em um congresso sobre a satisfação do cliente comprador de imóveis e fui confrontada com a métrica da velocidade de vendas como argumento de que os imóveis eram um sucesso. Mas esse é um viés de olhar do empreendedor e nem sempre significa real satisfação de quem vai morar. Falei sobre isso nesse texto sobre Arquitetura e o Usuário.
"O desafio não está só em adaptar indicadores e métricas existentes, mas inventar novos"
Daniel Hoornweg já defendia na Rio+20 a adoção de novas métricas para se pensar as cidades como organismos vivos. Lá ele disse que “é a métrica que mostra quanto material urbano entra e sai de uma cidade em determinado período de tempo. Quanto se produz de lixo, quanto se consome de água, de energia e outros dados. É como medir o colesterol de um ser humano. São informações muito importantes, em especial para o setor de construção”.
O importante é que essas novas métricas não sejam apenas pontuais, que corram o risco de estagnarem e se tornarem novas/velhas métricas que sejam apenas indicadoras de performance e não impulsionadoras de felicidade, de vida e de inovação constantes. Cidades são organismos vivos, pessoas são mutantes. Tudo o que para no tempo vira peça de museu, bonita para ser exposta algumas vezes, para aprendermos com elas, mas o que o nosso dia a dia precisa são de atos concretos e eficientes.
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