30 anos depois

Recebi essa preciosidade da amiga Lisete, colega dos tempos de Sévigné, antigo ginásio. 

Quando mudei de Porto Alegre para Brasilia, mantivemos uma intensa correspondência...escrita! Eram cartas e mais cartas, muito desenhadas, muito coloridas, muito cheias de expectativas. Um panorama vivo de nossas histórias. E essa em especial me fala de um momento muito especial, o de logo depois da formatura.
Segundo ela, não mudei em essência. E tendo a concordar. Tenho um lado muito meu que é otimista acima de tudo, uma coisa meio Pollyana que sempre acredita em um futuro bacana. E mais que nele, na verdade, acredita no trilhar o caminho para ele. 
Algumas constatações. 

Primeira: Estou vivendo esse momento de recordação porque haviam cartas escritas. Falei AQUI sobre isso. E havia quem as guardasse (eu faço isso). Toda informação escrita, impressa, revelada, enfim gravada em um meio palpável é muito mais durável que qualquer meio moderno que muda quando menos se espera. Quem tem fotos em slides, arquivos em disquetes, fitas em VHS, música em cassetes sabe bem do que falo. E nem adianta colocar em nuvem, quando menos se espera elas some. PUFT Nuvens!   

Segunda: Todo arquiteto/a daquela época tinha uma letra extremamente parecida. Fruto dos exaustivos exercícios a mão, escritas de projetos a mão, graficação a mão. A mão era nosso instrumento basico. E não para digitar ou usar o mouse, mas para desenhar, rabiscar, usar canetinhas em nanquim. Usar a mão é um exercício muito importante para o cérebro. Lembro de ter lido alguma pesquisa sobre isso logo que os CADs começaram a ser usados na faculdade. Haviam professores que insistiam no uso da mão baseados nessa premissa. E alguns talvez por não dominarem aquelas técnicas de computação tão novas na época...

Terceiro: Essa guria recém formada e cheia de gás ainda mora dentro de mim, de alguma forma. É bom reencontra-la nesse momento. É hora, como era na época, de reconsiderar as prioridades...e me colocar em primeiro lugar.  


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