Mas afinal, o que é esse tal de bom gosto?

Quando queremos definir um ambiente bonito, em geral dizemos que ele é de bom gosto. Mas...O que seria exatamente bom gosto ? O não exagerar? O saber dosar cores, móveis, tendências? 

"O bom gosto é a capacidade de reagir continuamente contra o exagero." (Hugo von Hofmannsthal)

Será ? Ou depende da época e cultura onde estejamos vivendo ? 

Eu sou meio avessa às fórmulas prontas ou definições estáticas. Sempre me cheira a Pré-conceito. Ou seja, é um pré julgamento. E isso significa não estar aberto para as coisas novas, novos olhares, novas formas de ver seu espaço, sua vida. Meu conceito de Arquitetura passa por aí. Arquitetura, para mim, é uma linguagem universal, é ousada por ser propositiva. E não importa se esteja falando de exterior ou interior. É espaço. E espaço é para ser vivenciado, é para ser experimentado, é para ser sentido.


E quando é o espaço de alguém, quando fala de sua vida, sua história, seus sonhos, é ainda mais fundamental ter bom gosto. Mas não aquele que tolhe, que impõem. E qual seria então?


"É o bom gosto, e somente o bom gosto, que possui o poder de esterilizar e é sempre o primeiro obstáculo para qualquer funcionamento criativo." (Salvador Dali)
Foto de Ian Parkes – Porta Art Nouveau
Vou dar um exemplo falando de um estilo que me agrada muito e que está voltando a virar moda fashion (eu detesto isso de voltar a virar moda, um estilo nunca morre, pode apenas estar fora da prateleira, da vitrine). A primeira vista peca pelo exagero, é over, mas é na sua aparente desarmonia, na sinuosidade de suas formas que encontramos toda a força de sua linguagem. Estou falando da Art Noveau. 

Quando foi lançado no final do século XIX e inicio do XX, significou um arrojo, um estilo que ia da arte aplicada à arquitetura. Era uma concepção com estilo, com atitude, com coerência. Adoro suas formas orgânicas, a sua linguagem é uniforme e expressa verdade. Não é um ornamento jogado porque poderia ficar bonito. Tem conteúdo.
Casa Victor Horta – Foto CH Bastian e Chevrard

E aí chego ao ponto inicial. Para mim o que distingue o “mau” gosto do bom gosto é a falta de conteúdo. É a falta de verdade. A Arquitetura não é diferente da vida da gente, brilho falso pode até agradar, mas não dura. Vira coisa datada como se vê tanto por aí. Um móvel, um revestimento, um ornamento que é moda uma temporada ou duas, mas não fica. É datado. Os clássicos, os estilos de verdade, permanecem. 

Por isso na hora de definir o seu espaço, lembre que ele deve ter a sua cara, a sua personalidade. Não a do profissional X ou Y, por mais famoso ou talentoso que seja. Se o seu coração clama por muita cor, e a tendência é monocromática, não se renda ao “bom gosto” reinante. Puxe o seu lá do fundo e seja feliz.


Elegância é tudo aquilo que é belo, seja no direito seja no avesso. Coco Chanel


Autor : Elenara Leitão

PS: esse artigo foi escrito para o lançamento de uma revista, a GO ON Magazine

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