Resgatando memórias da cidade- Gasômetro

Essa semana estava conversando com um jornalista sobre a arquitetura do bairro onde tenho meu escritório e me dei conta que o meu olhar curioso sobre a cidade está meio adormecido. Passo todos os dias por prédios que acho interessantes, mas acabo por vê-los pela luz do cotidiano e me perco daquele antigo costume que tinha de sair fotografando a cidade. E eis que nessa busca pela memória, ao abrir um livro sobre a Arquitetura de Porto Alegre, achei essa foto tirada nos anos 70 da Usina do Gasômetro, um dos prédios mais significativos de Porto Alegre.


Naquela época a demolição do prédio já tinha sido abandonada e se pensava na sua recuperação para que se tornasse o que é hoje: um centro cultural vital para a cidade.  
Foto by Elenara Stein Leitão
As imagens mais amplas, se não se tivesse uma lente especifica, eram feitas assim, se tiravam várias fotos do mesmo ângulo que eram montadas a mão com durex. Método meio arcaico, mas que funcionava bem para os nossos interesses de estudantes de arquitetura. Na época estava fazendo uma cadeira de fotografia na UFRGS e andava com uma Olympus Pen Trip 35 a tiracolo. E essa câmera tinha uma característica interessante: dividia o filme pela metade e fazia o filme render o dobro.





E além do equipamento, levava comigo um olhar mais atento, até porque eu era recém chegada de volta à Porto Alegre. Depois de morar sete anos em Brasilia,  eu redescobria a cidade. E é esse olhar mais atento que me referi acima.  E que permitiu fotos que resgatam a história de um símbolo. Essas aqui no blog são as que estavam reveladas, tenho muitas em negativo ou prova pequena que eu mesma revelei na faculdade. Abaixo o estado de abandono em que estava a Usina antes da restauração. Quem hoje transita pelos seus espaços, nem consegue imaginar esse espaço tão descuidado.


Foto by Elenara Stein Leitão

Foto by Elenara Stein Leitão

Abaixo, já em 2005, durante o Fórum Social Mundial em 2005, a Usina já em plena atividade. 
Foto by Elenara Stein Leitão
Veja mais fotos do gasometro aqui

Eu fico imaginando os tesouros que se escondem nos guardados das pessoas em fotos antigas, em negativos não revelados, em imagens de uma cidade que existiu e que formou a que hoje conhecemos. Conhecer e amar sua história é uma das condições para se entender e se amar como cidadão urbano. Sustentabilidade afetiva é urgente e necessária.

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