Design com alma

Conferindo a exposição Italian Genius Now Brasil que revela um panorama de décadas do design italiano sempre focando um paralelo entre design e arte. Essa mostra já esteve em vários locais do mundo, mas aqui no Brasil e na América é a primeira vez e tem como enfoque a interação entre Brasil e Itália. 


Acompanhados do curador Marco Bazzini  fomos brindados com uma explanação apaixonada sobre um conceito de criação que reúne uma cultura lúdica e brincalhona com uma produção em equipe que gera objetos utilitários famosos no mundo inteiro. E tudo isso na magnifica sede do Santander Cultural, um prédio fantástico em Porto Alegre.



Essa abordagem entre design e arte é mostrada já na apresentação da famosa Vespa tendo a CASA A.N.A.S ao fundo e a instalação Chiodi e Cimici simbolizando a rua, o transporte, a locomoção que a Vespa como utilitário representa. Interessante ver como um bom design sempre se mantém e mesmo que passe de moda, ou perca o uso, sempre acaba por ter um ar cult. Ali ficamos sabendo que em toda estrada italiana existem essas casas que são controles de trafego e que são aqui retratadas quase como se fossem casinhas de brinquedo. 



Seguindo o conceito da mostra, o FIAT 500 é a apresentado em forma de obra de um artista como uma reprodução de cartão postal. E mais uma vez se nota a brincadeira no uso das cores em uma representação de alegria e vida. 

O mesmo notamos no sofá superonda com a sua multiplicidade de usos e formas.



Esse uso variado de objetos utilitários é foi uma das características de objetos do design italiano que brinca com formas e cores de uma forma séria. Um dos exemplos é a utilização de sobras de produção de panelas em objetos de uso diário resultando na produção da serie CLIPPE


Reciclagem de materiais e auto montagem são conceitos que vem de décadas e são usadas em objetos e manuais da década de 70 e agora. Em todos os conceitos mostrados foi ressaltado que o Design italiano em geral é uma contribuição de muitos, não apenas de quem concebe. E nessa amostra passamos por décadas de mudanças comportamentais e culturais e em todas elas percebemos objetos que marcaram sua época. E continuam marcando. 






Em épocas de leveza, conceito moderna de uma liquidez que nos atormenta e nos conforma, as formas acompanham essa ideia e exprimem fluidez. Caso da escultura que instiga e mesmo na sombra marca sua presença. No vaso que aparenta fragilidade mesmo sendo pesado. E no vaso que recortado permite ser quebrado e poder continuar a ser usado em forma de pratinhos. Forma, uso, criação.  Design que expressa intenção.




Inúmeros objetos se nos mostram e neles reconhecemos essa intenção de brincar, de mostrar ao mundo uma forma de vê-lo. E para terminar com chave de ouro, passamos por objetos de mesa, objetos que usam a luz de forma inusitada e chegamos a uma caixa simples. Quase como uma brincadeira de criança...  



Esse trabalho final muito simples traz uma frase de Dante, na Divina Comédia, uma brincadeira que une uma obra prima literária com formas e materiais cotidianos e nos revela a magia de ver as estrelas. Nada mais simbólico para uma exposição que nos fala de arte. Arte de projetar com alma. 



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