Volatilidade moderna
Sabem que há muito me preocupa essa coisa de e-mail. Isso é volátil. Agora mesmo estou reunindo correspondências de minhas tias e mãe das décadas de 30 e 40. Uma riqueza só ! Detalhes de suas vidas, mesclado com história, descrições de um Rio de Janeiro na década de 30, do fim da guerra, das enchentes famosas. Sem contar nossas travessuras e delas...Se tivessem trocado e-mails isso estaria perdido, a não ser que uma Elenara da vida tivesse guardado. Mas como as máquinas também são voláteis, bastaria uma pane ou uma mudança tecnológica para ir tudo para os ares. Isso sem falar das cartas de gente famosa, escritores, cientistas, artistas....só teremos a dimensão disso quando já não estivermos por aqui e tudo for história.
O que me preocupa mais nessa dispersão de palavras ao vento, não é nem o acalentamento ao coração. Isso a gente guarda na lembrança, e ninguém nos tira. Pode sumir a memória do que foi dito, mas fica o sentimento que vivemos. O que me preocupa mesmo é a perda da memória de nossas gerações. É tudo deletável. Não apenas as palavras que trocamos, nossos sentimentos, nossos valores, nossa vida. Tudo cada dia mais frágil. Se o que digo não tem registro, fica fácil esquecer e falar (e fazer) outra coisa, completamente diferente do que disse um tempo atrás. Lembra do esqueçam o que escrevi ? Meio parecido com a miopia do nada vi, nada sei de hoje. E como a memória é curta, a história pode ser reescrita com igual facilidade. 1984. As pessoas brincam comigo porque vou relembrando os fatos, mas sem memória não se tem história, e sem história não se é nada.
É algo para se pensar mesmo...
ResponderExcluirOs integrantes da "geração digital" defendem que só houve uma troca de meio. Que agora as informações não ficam mais armazenadas no papel, mas em bits digitais.
Quando a gente diz que uma pane no computador pode por tudo a perder, eles perguntam à "geração analógica": E o incêndio da Biblioteca de Alexandria?
Além disso, as informações armazenadas na internet são, virtualmente, impossíveis de serem perdidas, pois, para tanto, era preciso uma pane geral nos computadores do mundo, ou pelo menos em todos aqueles centros que controlam a rede...
Bueno... será que é tudo mesmo uma mera questão de ponto de vista?
bj!
Mas e a nossa troca de e-mails é armazenada na internet ? E se é, quem controla a sua utilização, já que uma correspondência pessoal seria inviolável ? Digo isso porque li num site que a Inglaterra pensa em armazenar por mais tempo os e-mails e telefonemas em seu território. Bem complicado, até porque é um terreno novo.
ResponderExcluirPor via das dúvidas eu mando revelar minhas fotos, pelo menos as que quero preservar. Tenho milhares de slides guardados que se tornam difíceis de ver sem um projetor, assim como fitas de VHS que tenho que passar para CDs, que também estão com os dias contados...
Abração
Veja esta matéria:
ResponderExcluirhttp://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=211&Artigo_ID=3246&IDCategoria=3516&reftype=2
É lindo poder rever as cartas manuscritas com a letra e a personalidade exposta de quem a escreveu.
ResponderExcluirAgora, os e-mails podem ser impressos, pode se realizar o back-up...
Beijos
Boa Noite!
No link faltou no final o complemento do refty=2
ResponderExcluirSabe que por muito tempo defendi essa visão de que nem tudo estava perdido, de que era um exagero esse medo do cyber.
ResponderExcluirMas me fizeste pensar. Cartas de fato são muito mais personalizadas, identificadas.