Saberes locais são fonte de sabedoria - até que ponto a escola os respeita?
Eu ia falar sobre projetos de escolas para homenagear o dia do professor (15/10). Reuni alguns projetos bem interessantes para pesquisar mais a fundo, como essa escola para áreas rurais na Colômbia - a M3. Ela é uma escola em módulos, super adaptável às condições do país, com alta resistência aos desastres naturais e de fácil manutenção. Concebida em módulos, estrutura em bambu, com uma montagem fácil, é um edifício que pode responder aos desafios de proporcionar um bom local para a educação.
Mas a educação é bem mais que um prédio, por mais bonito, sustentável e criativo que seja. Não importa se é educação básica ou mesmo o ensino da arquitetura, ou outro saber, o ato de educar sempre será para mim o ensinar a olhar o mundo com seus próprios olhos e mestre, para mim, é o que planta vontades, o que fomenta, o que instiga e desperta em cada um a vontade da busca. E da busca do contraditório, das inúmeras versões, da base e da síntese que pode ressignificar o presente e alicerçar o futuro. E por isso fiquei muito fascinada vendo esse vídeo ESCOLARIZANDO O MUNDO:que " faz um chamado por um "diálogo profundo" entre as culturas, sugerindo que nós temos, ao menos, tanto a aprender quanto a ensinar, e que essas sociedades sustentáveis ancestrais podem ser portadoras do conhecimento que é vital para nossa própria sobrevivência no próximo milênio".
Ele é instigante e sugiro a quem for vê-lo (leva uma hora, mas vale a pena) que se disponha a ver um outro ponto de vista. Ele sugere que repensemos nós, ocidentais, criados com o foco na escola como transformadora e meio de asceção social, até que ponto elas podem estar impondo um modelo de cultura e valores que coloquem em segundo ou terceiro plano culturas diferentes. E tudo isso com a melhor das intenções. Uma frase me impactou: "Quem perdeu a sua história, perdeu tudo". E é verdade. Nossa história, nossa raiz, o que nos forma como pessoas, sociedades, países, consolida nossas práticas e nos faz conviver com as pessoas e o mundo de forma mais consciente e de certa forma, com mais sabedoria.
E mesmo na Arquitetura notamos isso. O saber tecnologico de hoje nem sempre substitui o saber de técnicas que foram se consolidando com o passar dos anos, pela prática e pelo conhecimento do ambiente e costumes da região. O entrelaçamento desses saberes, ao contrário, pode nos gerar obras mais sustentaveis, mais inteligentes, mais verdadeiras. Há um questionamento no video sobre se trocamos SABEDORIA por CONHECIMENTO e mais modernamente por INFORMAÇÃO.
E pensar criticamente sobre o significado dessas palavras pode nos fazer pensar qual o rumo que queremos de nossas escolas. Locais para crescer? Locais para realmente aprender o significado da vida e do que fazemos ou vamos fazer dela e do nosso papel no mundo e meio ambiente. Aprender a pensar e a conciliar esse tripé e talvez inverte-lo fazendo com que as informações nos levem ao conhecimento e este à sabedoria.
Nas semicoisas das coisas
Outras versões da verdade
Do outro lado do espelho
Outras versões da verdade
Do outro lado do espelho
(Paulinho Moska)
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