Arquitetura - mais que desenho
Em debates escritos e falados essa semana tecemos considerações sobre dois problemas que envolvem a Arquitetura e sua delicada relação com o cliente.
Um dos debates era sobre esses sites de projetos prontos que cobram super barato por soluções genéricas, e um pouco menos barato para personalizá-las. Em principio eles tem uma grande procura por parte dos clientes e um grande repúdio por parte dos profissionais. Mas por trás dessa aparente contradição de necessidades e visões, se esconde um desconhecimento e pouca valorização do que seja realmente um projeto de arquitetura.
Uma das coisas mais importantes para que uma edificação possa ser
considerada arquitetura é ter um conceito, uma proposta. E isso só é possível se
existir um programa para AQUELE problema, AQUELE cliente, AQUELE
terreno. É a partir desses condicionantes que o arquiteto pode gerar uma solução
que seja a mais adequada possível. Um projeto genérico é diferente de um
remédio genérico. Me lembra muito algumas situações que encontro aqui no Rio Grande do Sul onde se pegavam plantas de casas europeias e as reproduziam aqui. Literalmente. Sem ao menos adaptar. Resultado? Na maioria das vezes quartos para o
sul e cozinhas para o norte. Ou seja, esqueciam de implantar no terreno....Detalhe que parece sem importância, mas que é um dos mais básicos elementos para que se possa projetar.
Então essa procura por sites de projetos, sejam de residências ou de interiores, me parecem ter dois problemas que merecem ser debatidos: E o outro problemas, super corrente e que vários profissionais conhecem bem, é a quantidade de mão de obra não qualificada dando palpites em obras. Quando falo não qualificada não estou falando da pouca experiência em construir, pintar, fazer instalação elétrica, mas da falta de estudo de estruturas que faz com que se furem vigas para passar conduítes (!), se tirem paredes no achometro, se coloquem piscinas e banheiras sem analisar se aquelas estruturas suportam o peso. Quando um arquiteto ou engenheiro acompanham uma obra eles respondem perante a um conselho com a sua responsabilidade técnica. E ela significa responsabilidades cíveis, trabalhistas, profissionais. Alguns clientes preferem escutar palpites de construtores que, em caso de danos, não vão ser responsabilizados como um profissional habilitado vai.
Tudo bem, você deve estar se perguntando: então vou ter que pagar super caro para um arquiteto ou engenheiro fazer meu projeto (ou um designer de interiores que o seja, que tem formação superior e que pode fazer também intervenções em ambientes internos, desde que não estruturais)....Não, não necessariamente. Você vai pagar o preço justo para não ter problemas, para ter as suas soluções que vão caber nas suas necessidades. E quanto maior e mais cedo o planejamento, mais barata e sem problemas a sua obra. Mas tem profissionais que não são tão bons, meu vizinho (amigo, primo, chefe, etc) que já teve uma experiência cruel, você vai me replicar....Tem sim, como qualquer profissão, por isso o ideal é fazer uma triagem. Quando eu procuro um médico, pesquiso na internet para saber o currículo, se for preciso vou às redes sociais ver se tem perfil, se pesquisa, se não tem processos contra ele. Faça o mesmo com o seu arquiteto/a. Converse, procure, veja se rolou uma empatia entre vocês. Te garanto que não é tempo jogado fora. E a sua satisfação será muito maior que aquele projetinho baratinho que de repente vai precisar de mil alterações para funcionar do jeitinho que você quer. E precisa.
Autor : Elenara Leitão
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