Projetando o quarto PARA o bebê - Método Montessori
Restos de papel podem criar divertidas figuras ao nível da criança |
- Apresentar o mundo para a criança e deixar que a criança aprenda por ela.
- Auto educação, educação cósmica, educação como ciência.
- Esses alguns dos pilares da teoria e prática de Montessori.
Foi quando me dei conta que estava projetando os quartos para as mamães e adultos e não PARA o bebê. Móveis, atrações, quadros, adornos, estavam ao nível dos adultos. Ao bebê restava o papel de espectador. E espectador dependente. E para colocar a criança no foco do projeto, alguns passos são sugeridos. E alguns achei bastante interessantes. A seguir listo o que andei pesquisando e achei no site da Fundação Montessori
O Quarto
"Devemos dar à criança um ambiente que ele pode utilizar por si mesmo: um pouco de seu próprio lavatório, uma mesa com gavetas que podem ser abertas, objetos de uso comum que ele pode operar, uma pequena cama em que ele possa dormir à noite, sob um cobertor atraente que ele possa dobrar e se usar por ele mesmo. Devemos dar-lhe um ambiente no qual ele possa viver e jogar, então vamos vê-lo trabalhar o dia todo com as mãos e esperar com impaciência a despir-se e colocar-se para baixo em sua própria cama. " Maria Montessori
- Quartos das crianças devem refletir claramente suas personalidades e interesses.
- A cama deve ser baixa o suficiente para que o bebê possa entrar e sair dela sozinho. O ponto mais polêmico para muitas mães e pais, creio eu. Mas se dispam dos preconceitos e imaginem um ambiente sem perigos, um colchão baixo sobre um tablado que permita ventilação*, protegido por cobertores. Há vários exemplos nas fotos e vídeo abaixo.
- Colocar ganchos ou prateleiras baixas que a própria criança possa alcançar e organizar o seu quarto.
- Adornos, quadros, relógio. Tudo ao nível dos olhos da criança. Inclusive - e principalmente - as suas próprias produções artísticas.
- Usar extensores em portas e interruptores para que a criança possa abrir portas, acender e apagar luzes por si mesma. (atente para a segurança, protegendo tomadas, evitando fios soltos e tudo o que possa oferecer riscos para ela)
- Ofereça condições para que ela organize seus brinquedos ao invés de amontoá-los em caixas de brinquedo.
- Dê nome às gavetas que devem ser baixas para que ele possa explorá-las
- Proporcione condições para que a natureza esteja presente, em forma natural ou representada de modo a despertar a curiosidade sobre ela. Dê um local onde as crianças possam expor as coisas que acham por aí.
- Planeje um local onde a música possa estar presente.
- Um espelho onde a criança possa se ver desde muito pequena é fundamental.
Ou seja, a criança deve ter espaço para desenvolver a sua criatividade, a sua curiosidade, o seu impulso de descobrir a vida. Os adultos devem ser os facilitadores. Os que vão proporcionar os meios, mas não induzi-los. Vão cuidar para que os perigos não os peguem de surpresa, sem super protegê-los. Achei profundamente fascinante.
Leia mais sobre o Método Montessori e como pode ser uma educação fantástica para Crianças no blog Meu Filho Nasceu
Fonte fotos - Pinterest
* Obrigada Oscar Muller
Gostaria de saber sua opinião: sinta-se a vontade para comentar.
Super bacana o post, e a aulinha do vídeo!
ResponderExcluirPenso que como arquitetos, podemos acrescentar algo ao modelo...
Inicialmente chamando atenção para aspectos de higiene e saúde do ambiente, óbvios para nós, mas nem tanto para os leigos (para além das preocupações mais citadas, como acessibilidade, iluminação ou segurança), como os cuidados construtivos quanto à insolação, que deve garantir um mínimo de duas horas de incidência solar toda manhã, ou quanto à ventilação, que precisa ser farta e regulável, e alertas importantes para o desenvolvimento saudável da criança no caso específico do modelo do quarto montessoriano, como não apoiar diretamente o colchão no chão, deixando o estrado para evitar a proliferação de fungos (coisa que raro se vê nas imagens de quartos montessorianos), sempre mantendo um espaço fácilmente higienizável em torno da cama (como nos dois primeiros exemplos do post), sem contato direto com carpetes ou tapetes (como no último).
Mas a coerir com o método montessoriano, penso que nossa contribuição pode ser mais efetiva se o projetista inclui alguma preocupação no sentido de proporcionar a apropriação do espaço pela criança, e a possibilidade de interferência neste, lançando mão por exemplo, de níveis diferentes, suportes, peças leves que possam ser utilizadas tanto para conectar e facilitar acessos, quanto para separar pequenas áreas, criar nichos, etc, mas permitindo a manipulação, a alteração das configurações do espaço, assim introduzindo no ambiente do dormitório a possibilidade de definir e vivenciar dentro, fora, atrás, por cima, em baixo, etc, provocando usos algo diferentes, decisões quanto ao que é exposto e o que fica escondido, junto ou separado, e por aí vai... Sempre atentando para a segurança da criança, é claro.
Perfeito Oscar. Creio que o mote de projetar para o bebê/criança envolve todos esses elementos que tão bem colocaste acima. Existe um modelo de cama que é bem baixa e que se adéqua ao modelo, já vi em um exemplo que a Samantha escolheu para a sua Manu. Meu olhar de arquiteta também sentiu falta de mais estímulos nos quartos montessorianos e isso me estimulou a pesquisar mais. Que campo enorme se abre para nossa perspectiva, projetar um quarto de bebê se tornou mais fascinante do que nunca. Obrigada pela sempre preciosa colaboração. Abraços
ResponderExcluirFico muito feliz por este post! É tão bom podermos trocar ideias e eu gosto muito de seu blog, é uma honra estar de alguma forma aqui.
ResponderExcluirSabe, Elenara Stein Leitão, tínhamos usado muitos aspectos da pedagogia montessoriana com nossos filhos mais velhos bebês. Parte foi pura intuição, teve também influência da vida no Japão (morávamos em Tóquio quando engravidei do mais velho e começamos a planejar o enxoval e quarto lá, pensando num futon e tatami) e tivemos insights da mãe do Guilherme Nunes da Silva, pedagoga que simpatiza muito com este método. As gavetas, a organização, as artes, os objetos à mão, muitos detalhes estiveram na rotina deles desde que começaram a engatinhar e ganhar a casa com independência.
Desta vez, nesta nova chance que a vida nos deu para vivenciar os cuidados e a presença de um bebê, com Manuela, decidimos arriscar o que parecia ser mais complicado, abrir mão do berço desde a chegada da maternidade.
Montamos a caminha (é uma cama que tem estrado praticamente no chão que faz as vezes do tradicional colchão) e organizamos o quarto em volta dela. Mas confesso que achei que eu não conseguiria levantar e abaixar para acomodar a bebê na cama várias vezes por dia e até deixamos um berço desmontável (destes para viajar) de prontidão para eventualmente montar e usar nas primeiras semanas.
Doze dias se passaram e tudo corre bem na cama baixa. Manu dormiu lá todas as noites e nas sonecas de dia acorda e pode olhar o quarto sem grades para delimitar sua visão de mundo, tornando-a naturalmente ampla, como deve ser.
Os irmãos mais velhos também podem acomodar almofadas tipo futon ao lado da caminha e deitar ao lado dela para curtirem a presença uns dos outros. Estas almofadas, mais rolinhos macios, serão os apoios para ela sair da cama com segurança quando crescer um pouco.
Pretendo contar destes avanços no quarto no www.maecomfilhos.blog.br ;-)
Samantha, essa ideia do quarto para o bebê foi um dos grandes aprendizados de minha vida profissional esse ano. Te agradeço MUITO por isso. E estava justamente curiosa para saber como funciona na prática essa relação mãe/cama baixa. Adorei teu comentário e já estou super curiosa pelo teu post contando sobre a prática. Abração
ResponderExcluirBom dia. Serei pai de primeira viajem e queremos, com minha esposa, seguirmos o método montessoriano porém um dos receio é justamente esse levantar e abaixar constante do e para o chão com o bebê e as possíveis dores de coluna que isso pode gerar. Isso aconteceu com vocês? Alguma dica? Obrigado. Abraço a todos. Frank
ResponderExcluirOi, vou encaminhar tua dúvida para mães recentes que usam os quartos montessorianos para que possam falar de suas experiência. Abraços
ResponderExcluirOlá, sou uma mãe de primeira viagem, quando estava terminando o quarto do meu filho, tive contato com a pedagogia montessori. Fiquei encantada, aboli o berço...deu super certo. Meu filho, hoje com 4 meses, adora o seu quarto, acorda de manhã sem chorar fica olhando em volta. Desde 2 meses e meio dorme sozinho em seu quarto. A questão de ficar levantando, não incomoda, tendo em vista que, posso ficar sentada ao lado dele ou até um pouco deitada com ele, não há delimitação do espaço como no berço e a criança fica até mais acessível.
ResponderExcluirQue bacana Aline! Super importante a tua experiência para outros pais que queiram usar o modelo Montessori. Muito obrigada por compartilhar! Sinta-se a vontade para mais contribuições, abraços
ResponderExcluirElenara
Olá sou mãe de primeira viagem e estou me mudando para uma casa maior, acabei de conhecer o método e amei, logo já quero colocá-lo em prática no novo quarto da minha bebe, porém tenho algumas dúvidas, no caso o piso é de tacos de madeira, então pensei em forrar o piso todo com EVA para que assim que ela começar a engatinhar não machucar as mãozinhas, nesse caso onde o piso é de tacos é indicado cobrir tudo ou é necessário que o piso esteja ventilado tb?
ResponderExcluirMeiky, acho que vais adorar a experiência. Eu recomendo que uses uma cama baixa (nos comentários do Oscar e da Samantha vais ver mais dicas). Não entendi se o quarto da bebê é no térreo. Se for no andar superior pode forrar todo o piso. No térreo é bom verificar se existe algum problema de impermeabilização. E podes deixar algumas partes sem o EVA (tipo abaixo da cama, abaixo de alguma estante, por exemplo.) E vem contar prá gente depois como ficou o quarto. Abraços e tudo de bom para vocês! Elenara
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